Inclusão na prática
docente: A metodologia do lúdico na educação inclusiva sendo utilizada como
recurso didático para a Educação Infantil
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo revisar textos que
tratam sobre a utilização do lúdico na prática docente e como uma metodologia
baseada nesse uso pode promover a inclusão de alunos com necessidades
educacionais específicas em turmas regulares na Educação Infantil. Para
entender melhor como o lúdico pode ser proposto como metodologia docente,
primariamente em turmas com alunos com necessidades educacionais específicas, é
preciso entender seu significado. Para alguns, o lúdico se resume apenas a
jogos; já para outros, a brincadeiras. Entretanto, seu significado é muito mais
abrangente.
A origem da
palavra lúdico vem do latim ludus, que quer dizer jogo. Se
essa palavra fosse deixada apenas em sua origem, o termo estaria confinado
apenas a jogar, brincar ou ao movimento espontâneo. Porém,
através do comportamento do ser humano e dos processos que o organizam, o
lúdico passou a ser reconhecido como essencial ao desenvolvimento humano,
deixando, assim, sua definição mais abrangente do que apenas o sinônimo de jogo (ALMEIDA,
2009).
As implicações da necessidade lúdica extrapolaram
as demarcações do brincar espontâneo, ou seja, o lúdico faz parte do
desenvolvimento humano. Percebemos, então, que o lúdico pode estar presente em
sala de aula como uma importante metodologia na prática docente. Nesse
contexto, as brincadeiras podem fazer com que a criança consiga expressar seus
sentimentos e as diferentes impressões que tem de si e daqueles que com ela
convivem. Assim, todo educador engajado a promover mudanças na sua prática em
sala de aula deve encontrar na proposta do uso do lúdico uma importante
metodologia, a qual tem condições de contribuir para a melhoria das atividades
realizadas no ambiente escolar no que se refere à promoção de ações inclusivas.
Nesse sentido, é objetivo deste trabalho demonstrar
que a metodologia do lúdico favorece, sim, e de forma significativa, a melhoria
do ensino e da aprendizagem, contribuindo para a educação inclusiva.
JUSTIFICATIVA
Na observação dos
alunos da Educação Infantil com necessidades educacionais específicas, o lúdico
tem se tornado um método inovador, pois tem permitido, através de jogos e de
brincadeiras, uma nova perspectiva da concepção sobre aprendizagem.
Contudo, é importante observar que nem todo jogo ou brincadeira pode
oportunizar uma aprendizagem. O jogo ou a brincadeira devem estar
implicitamente entrelaçados a uma competência disciplinar para que ocorra, de
forma lógica, uma aprendizagem. Nesse sentido, o presente estudo pretende
demonstrar, por meio de pesquisa bibliográfica, de que forma o lúdico pode ser
usado como metodologia na prática docente e contribuir para a promoção de ações
inclusivas e para a melhoria dos métodos aplicados e do aprendizado, com
proposta de mudança de paradigmas, de maneira que a prática docente traga a
inclusão.
METODOLOGIA
INCLUSIVA NA PRÁTICA DOCENTE
A metodologia
analisa os modelos de ensino e suas implicações no processo da aprendizagem.
Etimologicamente falando, a palavra método significa caminho a seguir
para alcançar algum fim (PILETTI, 1995, p. 102). A prática
metodológica adotada pelo professor ou pela escola traz em si o objetivo de
inserir diferentes estratégias em situações didáticas, a fim de promover a
aprendizagem. A partir desse pressuposto, a prática docente deve equacionar a
utilização dos procedimentos didáticos e pedagógicos propostos em seu
planejamento com o objetivo de obter metodologias que atendam às necessidades
dos alunos para que ocorra uma aprendizagem inclusiva.
Para Libâneo (2001), as práticas de formação de professores
consideram o aluno como parte do processo de ensino e aprendizagem. O professor
deve ter, em sua formação acadêmica, o desejo de buscar metodologias
diferenciadas que promovam, em seus princípios, uma igualdade no ato da
aprendizagem, envolvendo todos os alunos em seus métodos, ou seja,
possibilitando a participação nas aulas em equidade de condições com os demais,
pois a inclusão não deve ser tida como metodologia opcional, e sim como parte
do processo pedagógico visto por um professor inovador, dinâmico e prático.
Portanto, o docente tem o papel de auxiliar o aluno com necessidades
educacionais específicas para que ele avance tanto intelectualmente quanto
socialmente.
Uma metodologia inclusiva na prática docente que
tem trazido, em seus parâmetros, bons resultados em sala de aula, promovendo
uma inclusão em suas práticas, é a utilização de jogos lúdicos como recurso
didático, pois desenvolvem nos alunos, por exemplo, os novos signos
linguísticos que se fazem nas regras, a função de literalidade e não literalidade
e a combinação de ideias e comportamentos que auxiliam o desenvolvimento na
aprendizagem de noções e habilidades.
Para Vygotsky (1989), o brincar é uma atividade
humana criadora, na qual a imaginação, fantasia e realidade interagem na
produção de novas formas de construir relações com outros sujeitos, crianças e
adultos. Sendo assim, o professor, ao utilizar-se de tais metodologias em sua
prática de ensino, estará colaborando significativamente na formação
educacional de seus alunos, promovendo a inclusão em todo o processo de ensino
e aprendizagem.
O
LÚDICO E AS CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECÍFICAS
No início do
século XX, as brincadeiras passaram a ser objeto de estudo entre autores que
dedicaram suas pesquisas às representações mentais. Surgiram, então, os
trabalhos de: Piaget, Vygotsky, Leontiev e Elkonin, os quais tentaram comprovar
a importância e o valor das brincadeiras no desenvolvimento infantil e na
aquisição de conhecimentos. Grandes teóricos como Rousseau (Emílio ou Da
Educação); e Froebel e Dewey (Vida e Educação) também confirmam a
importância do lúdico para a educação da criança (apud FERREIRA,
2002).
A vivência de ideias em nível simbólico oferece à
criança uma compreensão melhor sobre o significado da vida real, e ela passa a
evoluir a partir de seus pensamentos com relação a suas ações, razões pelas
quais as atividades lúdicas são tão importantes para o desenvolvimento do
pensamento infantil.
É no brinquedo que a criança aprende a agir numa
esfera cognitiva que depende de motivações internas. Para uma criança muito
pequena, os objetos têm força motivadora, determinando o curso de sua ação; já
na situação de brinquedo, os objetos perdem essa força motivadora, e a criança,
quando vê o objeto, consegue agir de forma diferente em relação ao que vê, pois
ocorre uma diferenciação entre os campos do significado e da visão, e o
pensamento que antes era determinado pelos objetos do exterior passa a ser
determinado pelas ideias (VYGOTSKY, 1998, p. 112).
Dentro das atividades lúdicas, espera-se que a
criança com necessidades educacionais específicas desenvolva a coordenação, o
movimento ritmado, a atenção, o desenvolvimento da posição quanto ao corpo,
trazendo aspectos físicos, afetivos, psicológicos e sociais. Para Mafra (2008),
a criança com deficiência intelectual, por exemplo, é capaz de ter um
pensamento lógico, mas precisa de uma estratégia de mediação a fim de
desenvolver ainda mais o seu raciocínio. Portanto, os jogos e as brincadeiras
infantis, aplicados de forma lógica e contextualizada a competências adequadas
no processo de aprendizagem, podem parecer apenas passatempo, mas, na verdade,
preparam a criança com necessidades educacionais específicas para um
aprendizado posterior, demonstrando, no ato do ensino, a inclusão.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Neste trabalho, houve uma observação e reflexão
sobre a importância da utilização didática do lúdico pelos professores da
Educação Infantil, demonstrando, na prática, que uma metodologia baseada nesse
exemplo serve como modelo, ou seja, nesse paradigma existe a provisão para a
inclusão de crianças com necessidades educacionais específicas em turmas da
Educação Infantil.
É percebível que, quanto mais profundo for o
conhecimento dos professores, maior será a possibilidade de seu uso em sala de
aula, havendo uma probabilidade para que tais métodos, baseados nesses
paradigmas, promovam a inclusão de crianças com necessidades educacionais
específicas em turmas da Educação Infantil. Afinal, ao sentirem que as
vivências lúdicas podem resgatar a sensibilidade e a criatividade, perceberão,
também, a promoção da melhoria na aquisição de conhecimentos, o fortalecimento
das habilidades e, principalmente, o favorecimento de ações mais inclusivas.
Portanto, no ambiente escolar, as práticas lúdicas contribuem para uma docência
inovadora e inclusiva, favorecendo a construção do conhecimento e o respeito à
diversidade.
Prof. Especialista Henrique Feliciano
ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento pedagógico. Cooperativa do
Fitness, Belo Horizonte, jan. 2009. Seção Publicação de Trabalhos. Disponível
em: http://www.cdof.com.br/recrea22.htm. Acesso em: 26 mar. 2022.
FERREIRA, Lívia. A importância do lúdico na Educação Infantil. Antígona,
[S.I.], set. 2009. Disponível em:
http://www.artigonal.com/educacao-infantil-artigos/a-importancia-do-ludico-na-educacao-infantil-1230873.html.
Acesso em: 26 mar. 2022.
VYGOTSKY, L. S; LURIA, A. R. & LEONTIEV, A. N. Linguagem,
desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone; Editora da Universidade de
São Paulo, 1998.
MAFRA, Sônia Regina Corrêa. O lúdico e o desenvolvimento da criança
deficiente intelectual. Paraná: Secretária de Estado da Educação, 2008.
Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2444-6.pdf. Acesso
em: 27 mar. 2022.
PILETTI, Claudinho. Didática geral. São Paulo: Ática, 1995.